Skateliberation — MJOURNAL

Em 1951, a fotógrafa e cineasta Ruth Orkin reencenou, com Ninalee Allen Craig, uma amiga que conhecera na Itália, uma das muitas cenas constrangedoras que viveu andando sozinha pelo mundo. Diante de suas lentes, a modelo e alguns cavalheiros de Florença reproduziram o que ocorre quando a alteridade ocupa os espaços públicos. “ American Girl in Italy ” tornou-se um retrato do assédio nas ruas e, ainda hoje, a foto ressoa para quaisquer corpos e corpas que, por ventura, venham a ameaçar a >>norma<

Frames de gente nossa: potências e trampos para o novissimo cinema sul global — MJOURNAL

Quando o diretor sul-coreano Bong Joon Ho e sua tradutora, Sharon Choi, subiram ao palco do Beverly Hilton para agradecer pelo Globo de Ouro de Melhor Produção Estrangeira, eles deram uma pequena dica para que os apreciadores de cinema das bandas de cá voltem a se maravilhar pelas telas: “Quando superarmos as barreiras de legendas, vocês conhecerão muitos filmes incríveis.” E dá-lhe Google Tradutor: além da renascença do terror , do pós #MeToo e da nova onda sul-coreana , o cinema tem sido movim

Algo emprestado e algo azul: o potencial dos armários compartilhados para a sustentabilidade na moda — GUAJA

No dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher, o cantor Tim Bernardes fez uma passagem alegre por Belo Horizonte para o lançamento do álbum “Recomeçar”. No final do espetáculo, encontrei com minha amiga, que por sinal, andava gripadíssima. Sabe como é, o cansaço é um inimigo e tanto para a imunidade. Estávamos na fila para conseguirmos autógrafos, e o teatro foi inundado por uma brisa fria, resultado da chuva que tingia a noite. Eu havia me esquecido do agasalho e usava o meu melhor vestido, u

Nude como bandeira — GUAJA

Há alguns anos, em relatórios muitíssimo detalhados, os bastiões das tendências têm tentado eleger tons de cores como manifestações políticas dentro da indústria da moda. Em 2016, logo após as marchas feministas que sucederam a eleição de Trump, o Millenial Pink foi o tom escolhido pela juventude que queria retratar seus ideais em pussyhats e composições que contestavam tradições de masculinidade (um salve para a dobradinha Harry Styles e Alessandro Michelle). O vermelho, especialmente em tons m

A Primavera da Alta Costura — GUAJA

Desfiles são o retrato de um presente que se liquefaz em nossos dedos. Para a alegria de suas existências fugazes, jamais ganharam olhares tão múltiplos. Passamos por uma das temporadas de alta-costura mais disruptivas dos últimos anos, provando que as transformações do mundo da moda não se encerram nas insípidas sugestões de seus executivos, mas em ideias que as ruas e as redes sociais re-interpretam sem remorsos. A semana de Alta Costura da Primavera de 2019 foi uma verdadeira fratura no mar d

Roupas que Contaram as Histórias do Ano — GUAJA

2018 foi, sob todas as perspectivas, um ano que nos colocou de cabeça para baixo. Algumas rupturas nos encheram os olhos, e outras fizeram com que chorássemos diante das telas. E se o ofício jornalístico é reduzido por técnicas de firehosing, crises em conglomerados de comunicação, governos tirânicos e a manipulação de dados, nós ainda podemos retomar as nossas narrativas se nos dispusermos a entender seus signos, origens e expressões visuais. Para quem cresceu entre araras, carreteis e retalhos

O que buscamos nas imagens de moda, afinal?

Em janeiro de 2020, um evento não se torna um acontecimento sem o registro fotográfico. Nas redes sociais, as fotos nos oferecem uma versão melhorada de nossa realidade e a inserem em uma lógica produtiva, na qual o valor de um momento pode ser mensurado pelo número de interações que ele arrecada. Tudo pode ser acontecimento: o anúncio da gravidez de Beyoncé, seu novo par de tênis, um ovo em pé de guerra com Kylie Jenner. E é neste cenário que a Vogue Itália, sob a batuta do editor Emanuele Farneti, publicou uma edição inteiramente produzida com ilustrações, pinturas e colagens. Uma revista de moda sem qualquer foto.

A hora e a vez do feio nas redes sociais

Há algumas estações, não superamos os tênis de papai propostos por Demna Gvasalia. O vaporwave e o seapunk, há alguns anos, resgatam elementos de videogames das décadas de 90 em montagens um tanto questionáveis. Em 2008, Cersibon ganhava o Twitter e o Orkut. Agora, contudo, nós sequer pedimos licença ou nos justificamos. É como se, diante de tantas ferramentas relativamente acessíveis para produzirmos imagens exuberantes de nossas vidas e de nós mesmos, nós voltássemos a nos encantar pela precariedade do Paint.